2010
Um ano bom por ser ruim, sem mais.
A minha consciência tem milhares de vozes, / E cada voz traz-me milhares de histórias, / E de cada história sou o vilão condenado. - William Shakespeare
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
sobre você
Com difusas cores pintando as bordas desse cenário.
Um lindo novo cenário.
E então o show irá recomeçar - pressinto as cortinas se abrindo Caminhado, correndo, com passos atrasados se entrelaçando.
Destinos enroscados a meia-noite - e então você do meu lado.
Todo o puro dissabor se dissolve em mil armadilhas.
As correntes de antes reatadas ao menor toque.
E a verdade, absoluta e sorrateira, se abate sem indulgência sobre nós.
Sempre foi e sempre vai ser.
Destinos enroscados a meia-noite - e então você do meu lado.
Todo o puro dissabor se dissolve em mil armadilhas.
As correntes de antes reatadas ao menor toque.
E a verdade, absoluta e sorrateira, se abate sem indulgência sobre nós.
Sempre foi e sempre vai ser.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
gelo na neve.
Ridiculamente nublada, de forma que os raios do sol nunca sobrepunham se as camadas das grossas nuvens, mas ainda assim esses conseguiam iluminar de forma que cega e arrebata. Exaustivo, mas ainda belo. De uma forma singular e melancólica até. Mas ainda assim belo. Com uma neblina fina, atordoa, deixa para trás o antigo, apenas pelo fato de lembrá-lo que já é velho.
O aroma doce inundando os pulmões desavisados, atordoando os e cansando os como elefantes brancos. A nuvem movendo se lenta, precipita-se sobre a cidade cinza. Pingando continuamente, difusamente. A calmaria entorpece.
Olhe para a janela e aguarde o tempo. Gritando pelos cantos e ocupando tudo. Rinocerontes alados esvoaçam e derrubam suas penas sobre nós. O tempo deixou e expirou. Calados até o fim. O belo fim.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
eu creio que posso voar.
As minhas decisões me perdem e me confundem. Cheia de inércia, cheia de repulsa.
Já não sei mais o quão agradável aquela brisa no meio da tarde pode ser.
Já não sei mais o quão triste é não conseguir gritar quando tudo parece ter se despedaçado.
Como nunca conseguir saber? Jamais descobrir o que habita no todo?
Cansada. A paranóica já ganhou sua carta de alforria para os limites além desse corpo.
Incrível e bonito. Mas não muito.
Ver para crer é hipocrisia disfarçada de racionalidade, e o medo pela mudança é esta nos mostrando como realmente somos.
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domingo, 21 de novembro de 2010
Puramente existencial.
Eu quero mesmo é o gosto da liberdade sussurrada e ruidosa soprando insistentemente contra a minha face.
De sentir a água escorrendo pelo rosto e então sorrir.
Não me agrada aquela de modelo pré- fabricado e tão comum, que se tornou uma triste moda.
Aquela liberdade enrustida, onde não se ouve nenhum devaneio atroz.
Eu procuro algo mais. Preciso me abastecer, usufruir daquela que eu mesma inventei.
Algo tão meu e tão novo que me faça corar de prazer e medo.
Procuro algo mais destemido, escancarado e até mesmo escrachado.
Um lugar onde eu não ignore o que os outros me falam, mas sim escuto com toda a minha atenção.
Enumero os motivos e fingimentos daquele prelúdio, guardando para mim pequenas preciosidades.
A brisa que soprou em instante oportuno. Um raio de luz, que mesmo me ferindo os olhos, se mostra belo e obsequioso. A congruência de formas que ainda não sei ao certo se são harmoniosas.
É isso o que eu quero. Ou pelo menos espero querer.
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010
miracles.
Me fundindo, te confundindo.
Deliberando sobre pessoas.
Sem ao menos saber que são mais do que corpos.
O mundo se mostrando irreal e injusto.
O torpor de um lugar abafado.
Aquela música muito alta.
Mas ninguém se importará com isso.
Pois é assim que as coisas são.
Sempre foi. Só seguindo em frente.
E então ninguém mais vai voltar a querer nos ver por aí.
Só seguindo em frente, cheios de recortes.
Meio calejados, meio santos.
Mas antes de tudo, só nós mesmos.
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domingo, 31 de outubro de 2010
você é feito de muitos setembros.
flores por todos os lados, floreios nos sorrisos.
nos traços feitos arabescos intrincados e retundantes.
em janeiro eu me perdi.
eu não sei como você estava.
abril se mostrou generoso.
novembro quis imita-lo e então nós nos perdemos.
generosos e perdidos, nunca importa o motivo.
só como se chegou lá.
só em maio que eu deduzi
como tudo poderia ser cor de rosa.
ou talvez um verde clarinho, da cor do querer.
foi ficando e querendo em outubro.
me assombrando, me bem-dizendo, me cercando.
eu também te cerquei. eu gostei disso.
junho e julho se confundem.
me confundem. te implicam.
e de vez em quando nos trazem anseios. ou nostalgia.
mas você é feito de dezembro demais também.
robusto, justo, caloroso. faz suar só de lembrar.
geralmente eu não gosto de suar. mas as vezes.
só as vezes, pode ser divertido. cheio de meio-sorrisos.
março me conta histórias.
misteriosas e coloridas. nem sempre bonitas.
nunca com final feliz.
agosto tem folhas demais.
pesadelos demais.
mas tudo o que é demais, bem eu não sei.
eu sou uma pessoa com muitos demais.
mas você já sabe disso.
mas fevereiro.
bem, fevereiro é todo você.
anacrônico. analítico. antítese.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Esse ar quadrado em volta da sua cabeça.
lacerando, mentindo, gritando, massacrando, repelindo.
cansada de tempos verbas indistintos. Eu guardei as minhas reticências.
No final os mesmos esmeros, os que sempre me calcinam.
Cansada de tentar sentir sem sofrer. Queria poder esquecer que um não existe sem o outro.
A respiração latejante não deixa esquecer o que já passou. E por que deveria?
Já não sinto nada agora, só o ar me comprimindo.
lacerando, mentindo, gritando, massacrando, repelindo.
cansada de tempos verbas indistintos. Eu guardei as minhas reticências.
No final os mesmos esmeros, os que sempre me calcinam.
Cansada de tentar sentir sem sofrer. Queria poder esquecer que um não existe sem o outro.
A respiração latejante não deixa esquecer o que já passou. E por que deveria?
Já não sinto nada agora, só o ar me comprimindo.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
O que mais me espanta não é meu medo de sentir e me fazer sentir.
É a ânsia que me corrói pra que isso ocorra.
Um paradoxo ridículo e enegrecido pelos desejos.
Eu me vejo amarrada por cordas inquebráveis e não sei como desatar os nós.
Os talhos em minhas mãos vão fundo e se tornam torpes e vulgares.
Tudo já é uma imensa brincadeira de se ver até onde se vai.
Não quero mais resistir. Só quero gritar.
É a ânsia que me corrói pra que isso ocorra.
Um paradoxo ridículo e enegrecido pelos desejos.
Eu me vejo amarrada por cordas inquebráveis e não sei como desatar os nós.
Os talhos em minhas mãos vão fundo e se tornam torpes e vulgares.
Tudo já é uma imensa brincadeira de se ver até onde se vai.
Não quero mais resistir. Só quero gritar.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
por hoje não,
não, o telefone não vai tocar e eu não irei correndo desvendar os seus mistérios.
você não vai me dizer coisas gentis e prometer parar de quebrar meu coração três vezes por semana.
A sua voz não vai fazer meu coração tremer de dor e vontade. E quando você não me perguntar bobagens rotineiras com uma perspicácia ardente não vai me fazer desejar estar mais próxima de ti. Não mesmo.
As cartas esquecidas em cima da mesa não irão amarelar-se antes de você me esquecer
e aquela flor, que tão logo tornou-se a minha preferida, não vai secar antes que você arrebate a outras com o mesmo truque barato.
Você não me viu chegar tarde da noite, com as lágrimas secas nas faces, que já estão assinaladas pelo desespero por tão longo tempo.
Não, você não vai bater na minha porta e incomodar os vizinhos gritando que sente muito e que não queria que tudo tivesse acabado assim, ou até mesmo falando que quebrou seu próprio coração com o mesmo golpe que desferiu contra o meu.
Não, nada disso vai acontecer porque o telefone não irá tocar, e o que era nosso já se perdeu, esvaiu-se em fumaça há muito.
Mas não. É tudo invencionice de um subconsciente aleatório e fantasiado. Um lugar confortável para se terminar o dia, relembrando de coisas não acontecidas.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
É tempo de mudança. De ir atrás do que se quer e encontrar o que não se espera. Ver remontar um passado não tão distante. Rever memórias não tão obsequiosas. Fazer coisas das quais não se orgulhará depois. Ver pessoas que sempre te orgulharam. Construir uma ponte, mesmo que meio bamba, entre o que se é e o que se espera ser. Ir fundo nos sonhos. Ver a realidade por detrás deles. Ir mais além e escolher pessoas para o elenco desses sonhos. Algumas falhas. Erros imprudentes e infantis.
Um clamor chamando nas veias e uma vontade louca de viver. Cantar seu hino da vitrória e inventar o próprio grito de guerra. Assistir um dia passar. Pra depois poder correr atrás do tempo perdido. Aprender a saborear as coisas. Aprender a querer as coisas. Um querer manso que não machuca. Não dilata os sentimentos por nada. Fazer tudo dar certo. Querer fazer tudo valer a pena. Consegir. Conseguir se orgulhar do proprio trabalho, dos próprios erros. Até mesmo da propria falta de compostura. E pensar o quão bom pode ser só estar aqui. Acho que é só isso. Apenas estar aqui.
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sábado, 11 de setembro de 2010
Cirandar
Radiante. Seus olhos nos meus, sua boca na minha, pele com pele. O jeito como você sorri. Os lábios se curvando lentamente. Sinto a presença, emana energia. Um pequeno lírio florescendo - ou seria uma nova estrela surgindo diante de nossas almas?.
Seus pequenos gestos de homem-sol, encerrando sobra e mistério. A alegria vacila. Um eclipse. Retoma o poder pelas mãos, concreto e abstrato, novamente um sol, um só.
Mil mlhões de pontos entre nós. Mil milhões de anos na história. A distância grita teu nome e eu respondo. Suplico promessas no escuro insubstancial. O silêncio me responde. Clama e me ensurdece. Desnorteia. Sinto o fim próximo, mas então.
Então tudo ressurge outra vez, até querer. Ciranda que nunca cessa, o momento de brilhantismo fugaz que me torna prisioneira do teu gostar. Eu arranco de mim e lanço o novo fugitivo. Mas ele fica no ar, despedaçado. Você não consegue me sentir. Voce não quer me sentir. Pelo menos não assim.
Eu sigo, infindável caminho. Me leva para longe e me arrebata para muito perto. Não se decide. Se entrega e se corrompe. O ciclo contínuo. Imensa ciranda de sentir.
Seus pequenos gestos de homem-sol, encerrando sobra e mistério. A alegria vacila. Um eclipse. Retoma o poder pelas mãos, concreto e abstrato, novamente um sol, um só.
Mil mlhões de pontos entre nós. Mil milhões de anos na história. A distância grita teu nome e eu respondo. Suplico promessas no escuro insubstancial. O silêncio me responde. Clama e me ensurdece. Desnorteia. Sinto o fim próximo, mas então.
Então tudo ressurge outra vez, até querer. Ciranda que nunca cessa, o momento de brilhantismo fugaz que me torna prisioneira do teu gostar. Eu arranco de mim e lanço o novo fugitivo. Mas ele fica no ar, despedaçado. Você não consegue me sentir. Voce não quer me sentir. Pelo menos não assim.
Eu sigo, infindável caminho. Me leva para longe e me arrebata para muito perto. Não se decide. Se entrega e se corrompe. O ciclo contínuo. Imensa ciranda de sentir.
domingo, 5 de setembro de 2010
Recolho minhas lascas defronte ao senhorio.
Corro pelo rio e através dele para me regenerar
Ressentir, requerer. Reclamar
Lateja e devora, a consciência
Grita por cima de outros brados
E esgota o fôlego num fluído rompante de dedicatórias.
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Da cor da incerteza. O sabor da mágoa e do novo se fundindo na minha garganta. Uma névoa de desejos que absorve tudo. Ouço cânticos povoando o salão. Palavras replicam minha mente.
Mudou, mas de alguma forma, vazia e eloqüente, aí tudo ainda está igual, de um jeito insano demais para ser bom.
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Metaformoso e hipocondríaco.
Eu quero uma noite ferina, ardendo-me o olhos e as bochechas.
A sorte de um bem querer que mal se queira.
A vontade de sentir o não-sentimento, sem ferir, sem gritar. Um clamor escondido e pouco claro dentro de mim.
Precisando com a imprecisão rotineira. Com a coragem faceira.
Que busque uma dádiva meio sem brio, meio torta. Até mesmo um pouco chata.
Um sorvete no parque. Um abraço em casa.
Depois um banho quente.
Um fim.
A sorte de um bem querer que mal se queira.
A vontade de sentir o não-sentimento, sem ferir, sem gritar. Um clamor escondido e pouco claro dentro de mim.
Precisando com a imprecisão rotineira. Com a coragem faceira.
Que busque uma dádiva meio sem brio, meio torta. Até mesmo um pouco chata.
Um sorvete no parque. Um abraço em casa.
Depois um banho quente.
Um fim.
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Perdia-se em meio uma fantástica bruma de pensamentos.
Perdia-se e então se calava.
Havia esquecido o seu nome, roubara a incerteza de seu trajeto,
e esqueceu de abandona-la na estrada algum tempo depois.
Então olhou para o lado mais uma vez e percebeu o quão só poderia estar,
e o quanto disso era por mérito próprio.
Ele jamais lhe prometeu coisa alguma,
mas ela insistia em creditar isso a sua arte de encantar.
Ele jamais lhe disse que ia se importar ou que continuaria ali,
mas ela se recusou a ouvir o silencio. Tudo o que restou agora.
Talvez não fosse tão ruim estar perdida.
Talvez tudo o precisaria era um pouco de coragem.
Estava cansada de se sentir fraca, de se acovardar perante seus sentimentos.
Respirou fundo e se lançou aquela imensidão
como quem se lança a um amante a muito procurado.
No final ela o encontrou
onde ele jamais disse que iria por ela. Ela acreditou.
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segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Beatriz Frias - Certezas
E mesmo sabendo o que você é,e o quanto você pode me fazer mau apenas com uma palavra,meu coração insiste em te amar. Mesmo com toda a tristeza e a dor que você me traz,mesmo com todas as lagrimas que me faz derramar,meu sentimento por você é o mais lindo e o mais sincero que alguém pode ter.Minha mente diz,o que o meu coração jamais ira aceitar.Que todo esse meu sentimento por você é em vão.Sentimentos que sempre vou compartilhar apenas comigo mesma,pois sentimentos são coisas que só quem ama consegue compreender.E quando você entender um pouco do que estou sentindo,entender o que significa a palavra AMAR e perceber o quanto tudo isso é raro,e o quanto isso tudo poderia um dia valer a pena,eu já vou estar longe. E você ira entender toda a dor que um dia me fez sentir.
Esse texto foi escrito pela minha grande amiga/irmã Beatriz Frias. Sim, ela é extremamente talentosa, e escreve principalmente textos desse tipo. Pra quem gostou o Twitter dela. Comentem bastante, ok?
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quarta-feira, 28 de julho de 2010
Cansado de faina
Quando olhei nos teus olhos pude entender tudo o que esqueceu de me dizer. Era de sentir com os olhos e chorar com a alma. Uma doença que contaminou tudo o que eu achei que sabia com certeza, de um modo tão fatídico que não haveria como restaurar. Abalou ferozmente a noção de realidade e me fez repensar. Algo que não já não era tão bom. Mas então eu vi e ouvi. Que por mais que doesse, eu não poderia vê-lo se desintegrar diante de meus sentidos sem fazer nada para mudar isso. Tinha de lutar e de gritar, mais alto que antes, mais alto que tudo. E só então percebi qual era a verdade. De que nada realmente alcança certa plenitude, sem que vc ache que isso não é mais possível. Sem que seus sentidos se entorpeçam e que consiga ver além do que espera, não há mérito.
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terça-feira, 27 de julho de 2010
Concha de caracol
Incontáveis retalhos
Migalhas que a muito já não são mais
Espana se das impurezas comuns
Cega se diante das que realmente importam
A mim já não convence, mas
Apenas mais uma vez conte-me sobre o mundo
E deixe-me para trás, para um talvez ou nunca mais
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segunda-feira, 26 de julho de 2010
Debaixo da luz da lua, pérolas brilhavam envoltas em desolação.
O brilho prateado da lua banha e pacifica um calor obscuro, de dentes e garras afiadas e sedentas por uma nova vítima. Garras como unhas de um carmim intenso. Dentes de um brilho incomum, com a mesma brancura exibida por um cetim já meio usado. Pro seu deleite esse o esfolam, o sugam e ganham. Não sente nada.
Sabe que deveria pedir socorro, sentia-se tragado pela renda negra, mas não pode. É execrado de sua existência, mas não precisa existir, não agora. Sabe que mais tarde se sentiria tolo por tudo, sabia que se culparia, e pior ainda, culparia a terrível sedutora, mas o que há de fazer? Seu salto agulha espetou seu orgulho. Não tem nome. A dignidade, é como um mal drenado de suas veias, assim como a vontade própria.
Então ela levanta e sai, num furor doce meio amargurado. Larga-o sozinho, os restos de seu ser espalhados pelo chão, arrasta-se e procura pelos seus cacos. Não encontra nada. Tenta levantar mais é demais. Não tem como conseguir, tudo o que tinha lhe foi tirado, e ele não resistiu. Entregou tudo de bom grado, sorrindo para os olhos da vilã enquanto essa aplicava o golpe final, sem nenhuma misericórdia. A lembrança da doçura atormenta, mas o faz seguir em frente.
Acordou no meio da noite e se lembrou do tortuoso sonho. Então sentou e chorou. Ela gostaria, mas não era aquela mulher, e ele não era aquele homem. A vingança do sub-consciente a fez se sentir atormentada. Raiva misturava-se com o choro amargo que agora corria pela sua face carregando a última de suas forças. Não precisava mais se esforçar. Era um só um sonho, um sonho sobre a vida dela. E de alguma forma isso a libertou.
Quando conseguiu abrir os olhos novamente, estava vendo a si mesma de loge, de muito longe. Então tudo ficou escuro de novo. Um brilho de paz lampejou diante de seus olhos, por apenas um momento e se foi.
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domingo, 25 de julho de 2010
Palavras para mim podem ser como uma droga, forte e insana, semente de prazeres.
Em um momento de fissura, embebedo-me nelas e me perco em mil viagens com todas as cores do preto e branco. Em outros momentos são fugas, desses lugares para o rotineiro e constante mundo real, ou então o inverso.
Essas que me fazem tua serviçal, escrava de seus anseios, me salvam a memória e então enterrada em mil loucuras bruxuleantes da insanidade instantânea de querer e se atrever a ver um novo mundo, como um lugar melhor ou não. Um lugar onde escrever basta.
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sábado, 24 de julho de 2010
Lição de ressurgir, reeguer
Recomeçar. Verbo bonito, cheio de sonoridade e esperança, acalenta o coração dqueles que vem de longe, dos que já estão a muito cansados, e de todos os outros. Ciclos sempre se inclinando para uma ritmada canção.
As vezes um belo recomeço, como aquele dos folhetins, parece ser a saída mais digna. A única solução provável. Porém quem quer recomeçar deix de lado sua própria estória, reescreve seu passado. Vestido de personagem pueril se torna oblíquo demais, calculado demais, cansado demais.
O único recomeço possível é aquele que não existe. É aquele onde o começo não é forçado, ele realmente está ali, um começo de vida. Não tem como ser recomeço se anda trás as impressões guardadas no peito. Abandonar a si mesmo e renegar emoções é o mesmo que retirar o próprio coração e deixá-lo na esquina anterior. Impossível, doloroso e desnecessário.
Não há recomeço verdadeiro, do mesmo modo como não se vive sem um coração. Ridículo desvairado. A identidade de como somos, do que queremos ser, é exatamente isso, nossos ímpetos e escolhas feitos no presente ou em outrora. Não há verdade naquilo que é premeditado. Não existe um recomeço real, pois não existe um abandono da essência, pois é exatamente isso o que ela é, o que resta quando tudo se esvai.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Certeza de saber.
"A vida é um incrível emaranhado de SE, e você como qualquer outro, é apenas uma das opções de um universo grandioso, um insignificantes SE em meio muitos outros."
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sábado, 5 de junho de 2010
Tão profunda quanto uma poça de água da chuva
Queria ser grande, e ainda assim morria de medo de se perder em sua solidão. Morria de medo de viver tão intensamente quanto o possível, tanto que se depois, por algum motivo, fosse privada disso não aguentaria. Seria sufocada até as cinzas.
Mas o que ela não percebia que era exatamente por tudo isso que estava desse jeito. Já não podia mais agüentar. Era o seu agora que estava em jogo, e não poderia apenas sentar em sua confortável poltrona da alienação e assistir ao maravilhoso espetáculo de sua vida cair no esquecimento derradeiro.
Começou pelas pequenas coisas. Pequenos pensamentos intrusos e cheios de vida, aos poucos , começaram a domina-la. A cada velho hábito que se perdia, perdia-se junto um pouco daquele antigo "eu", empoeirado, velho, sujo, cheio de manchas. Então surgiu uma grande transformação. A vontade de viver aflorou. De repente não sentiu-se mais tão cansada quanto o de costume. A vontade de gritar o mais alto possível lhe consumia o pulmões. O fato de ser mais uma na multidão não mais lhe esmagava, a sua individualidade era algo mais profundo do que a fama e as capas de revistas, antes tão almejadas. O anonimato a fazia aflorar. A cada sorriso verdadeiro era como um tapa na cara do conformismo, antes seu melhor amigo.
Até que um dia percebeu que já era possível olhar pro mundo e encontrar seu lugar. Foi nesse dia que percebeu que era feliz. Uma felicidade faceira, meio clandestina, com cara de doce de abóbora em formato de coração. Simples e lisonjeiro. Então mais uma vez sorriu. E pela primeira vez em muito tempo - provavelmente em toda a sua vida, ela se sentiu plena.
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quinta-feira, 3 de junho de 2010
Do Inglês Coleridge
E se você dormisse? E se você sonhasse? E se, em seu sonho, você fosse ao Paraíso e lá colhesse uma flor bela e estranha? E se, ao despertar, você tivesse a flor entre as mãos? Ah, e então?
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domingo, 30 de maio de 2010
Me faz ínfimo e traz desespero essa ânsia de te querer.
Um querer ligeiro, faceiro. Mais do que só querer
Desejo me corrói e denigre. Me torna pacato,
deixa de lado a vontade de viver.
Se não te tenho, espero um contento
de que em mais amenas horas possa te ver.
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sábado, 29 de maio de 2010
Senhor meu
sábado, 22 de maio de 2010
Resposta de recomeçar
Ressurgir do que restou demanda mais coragem do que penas se recriar. Por a cara para bater a cada instante não é apenas coragem. Pode também ser medo. Medo de ver que tudo pode voltar a ser o que já foi. E nessa ânsia de continuar, esquece-se que muita vezes é necessário parar. Parar, respirar e sentir o que não é mais. Saber o que na essência continua.
Olhar os rastros atrás de si não é minha fraqueza. A fraqueza é fugir do passado, por não sentir demais. Dentro desse mais uma vez, só os impetuosos sobrevivem, e talvez já esteja cansada demais para os jogos do tempo.
Somente com o passado vou saber como seguir. A resposta nunca será a mesma, mas os erros talvez. Com a experiência, talvez passe também o medo, mas só talvez. Esperar que a vontade sobreviva. Torcer para ver novamente o que a muito não significa tanto.
O amanhã que surgir será de acordo com a vontade que grita no peito, e assim mais uma vez questionar se mudar será a coisa certa. E então talvez eu seja o meu maior erro.
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Pequenos e sutis desencontros. É de um verde mar que arrebata. Me leva para longe e contagia, contrasta perfeitamente. Inclui no silêncio - contexto do toque fugaz. Um coração gélido, uma voz cortante que desconcerta. Me perdi, e nem mesmo você quer me encontrar.
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sexta-feira, 7 de maio de 2010
Beija-me
Beije-me com a delicadeza da brisa da nossa manhã. Emoção me encheu o peito, e constatei que tudo era mais que real. Era divino.
Beije-me e me faça sentir novamente como naquele primeiro instante em que meus olhos repousaram sobre a sua face. Certa magia emana. Olhos profundos cor de chocolate. Pele macia sobre o calor.
Beije-me com promessas rasas. Uma ternura sincera e barata que encanta, um pequeno veneno sedutor. Ironia.
O teu sabor passa por mim e me beija com o teu hálito suave e quente. Acomodo-me em teus braços e mais uma vez a brisa remota sussurra-me aos ouvidos o teu nome. Epifania e devaneio.
Que afronta, realmente vejo agora, tentar colocar as nossas singelas em palavras, mas já não posso evitar. Um brilho ilumina o teu modo. És meu. E mais uma vez beija-me.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Lembrança de Começar
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domingo, 2 de maio de 2010
Luzinhas dos olhos meus
No meu olhar luzinhas brincam de ofuscar
Como luzes da cidade que acendem ao cair da noite
As luzinhas são as mesmas que tem no teu olhar
E com teu doce sorriso de ameno descanso
Plácido da mesma brancura do luar
Com mil dentes arrebatadores a me mastigar
Minha alma já não sente mais morrer de amor
Já que é também desse amor que respiro
Suspiro e repito fluído encantamento
A quantia de anos sem a luz que abrilhanta teu olhar já não me consta
Apenas cansa minha já tão enfadonha sede
Sabe-se apenas do quanto conta seus dedos
Lânguidos, escalenos a brindar a sorte
E já não sei mais nada que sou
Quero então morrer da morte do conto de amor
Por tuas mãos, íncubos.
sábado, 1 de maio de 2010
O meu sonho é força que mostra a beleza da realidade ao redor.
Alice no País das Maravilhas. I love it.
Bonequinho do Calvin só para animar :D
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quarta-feira, 28 de abril de 2010
Caixinhas de sonhos
Respirou fundo e contou até dez.
Sentiu o vento frio arfar pelos pulmões e a brisa do mar açoitar-lhe a face e os cabelos. Nesse momento, mais do que nunca, soube o que tinha. Não fosse algo bom. A resposta para tal indagação poderia ser considerada um ultraje a sua sanidade, mas não era exatamente isso a sua existência até aquele momento? Um pomposo ultraje a sua sanidade? Já não poderia mais se refugiar na ignorância.Impressa na sua forma mais vibrante, a verdade era mais cansativa do que o saudável.Era cansativa porque era amor.
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