quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O que mais me espanta não é meu medo de sentir e me fazer sentir.
É a ânsia que me corrói pra que isso ocorra.
Um paradoxo ridículo e enegrecido pelos desejos.
Eu me vejo amarrada por cordas inquebráveis e não sei como desatar os nós.
Os talhos em minhas mãos vão fundo e se tornam torpes e vulgares.
Tudo já é uma imensa brincadeira de se ver até onde se vai.
Não quero mais resistir. Só quero gritar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

por hoje não,


não, o telefone não vai tocar e eu não irei correndo desvendar os seus mistérios.
você não vai me dizer coisas gentis e prometer parar de quebrar meu coração três vezes por semana.
A sua voz não vai fazer meu coração tremer de dor e vontade. E quando você não me perguntar bobagens rotineiras com uma perspicácia ardente não vai me fazer desejar estar mais próxima de ti. Não mesmo.
As cartas esquecidas em cima da mesa não irão amarelar-se antes de você me esquecer
e aquela flor, que tão logo tornou-se a minha preferida, não vai secar antes que você arrebate a outras com o mesmo truque barato.
Você não me viu chegar tarde da noite, com as lágrimas secas nas faces, que já estão assinaladas pelo desespero por tão longo tempo.
Não, você não vai bater na minha porta e incomodar os vizinhos gritando que sente muito e que não queria que tudo tivesse acabado assim, ou até mesmo falando que quebrou seu próprio coração com o mesmo golpe que desferiu contra o meu.
Não, nada disso vai acontecer porque o telefone não irá tocar, e o que era nosso já se perdeu, esvaiu-se em fumaça há muito.
Mas não. É tudo invencionice de um subconsciente aleatório e fantasiado. Um lugar confortável para se terminar o dia, relembrando de coisas não acontecidas.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010



É tempo de mudança. De ir atrás do que se quer e encontrar o que não se espera. Ver remontar um passado não tão distante. Rever memórias não tão obsequiosas. Fazer coisas das quais não se orgulhará depois. Ver pessoas que sempre te orgulharam. Construir uma ponte, mesmo que meio bamba, entre o que se é e o que se espera ser. Ir fundo nos sonhos. Ver a realidade por detrás deles. Ir mais além e escolher pessoas para o elenco desses sonhos. Algumas falhas. Erros imprudentes e infantis. 
Um clamor chamando nas veias e uma vontade louca de viver. Cantar seu hino da vitrória e inventar o próprio grito de guerra. Assistir um dia passar. Pra depois poder correr atrás do tempo perdido. Aprender a saborear as coisas. Aprender a querer as coisas. Um querer manso que não machuca. Não dilata os sentimentos por nada. Fazer tudo dar certo. Querer fazer tudo valer a pena. Consegir. Conseguir se orgulhar do proprio trabalho, dos próprios erros. Até mesmo da propria falta de compostura. E pensar o quão bom pode ser só estar aqui. Acho que é só isso. Apenas estar aqui.



sábado, 11 de setembro de 2010

Cirandar

Radiante. Seus olhos nos meus, sua boca na minha, pele com pele. O jeito como você sorri. Os lábios se curvando lentamente. Sinto a presença, emana energia. Um pequeno lírio florescendo - ou seria uma nova estrela surgindo diante de nossas almas?.
Seus pequenos gestos de homem-sol, encerrando sobra e mistério. A alegria vacila. Um eclipse. Retoma o poder pelas mãos, concreto e abstrato, novamente um sol, um só.
Mil mlhões de pontos entre nós. Mil milhões de anos na história. A distância grita teu nome e eu respondo. Suplico promessas no escuro insubstancial. O silêncio me responde. Clama e me ensurdece. Desnorteia. Sinto o fim próximo, mas então.
Então tudo ressurge outra vez, até querer. Ciranda que nunca cessa, o momento de brilhantismo fugaz que me torna prisioneira do teu gostar. Eu arranco de mim e lanço o novo fugitivo. Mas ele fica no ar, despedaçado. Você não consegue me sentir. Voce não quer me sentir. Pelo menos não assim.
Eu sigo, infindável caminho. Me leva para longe e me arrebata para muito perto. Não se decide. Se entrega e se corrompe. O ciclo contínuo. Imensa ciranda de sentir.

domingo, 5 de setembro de 2010


Trapo humano envolto em descrença.
Recolho minhas lascas defronte ao senhorio.
Corro pelo rio e através dele para me regenerar
Ressentir, requerer. Reclamar
Lateja e devora, a consciência
Grita por cima de outros brados
E esgota o fôlego num fluído rompante de dedicatórias.