Quando olhei nos teus olhos pude entender tudo o que esqueceu de me dizer. Era de sentir com os olhos e chorar com a alma. Uma doença que contaminou tudo o que eu achei que sabia com certeza, de um modo tão fatídico que não haveria como restaurar. Abalou ferozmente a noção de realidade e me fez repensar. Algo que não já não era tão bom. Mas então eu vi e ouvi. Que por mais que doesse, eu não poderia vê-lo se desintegrar diante de meus sentidos sem fazer nada para mudar isso. Tinha de lutar e de gritar, mais alto que antes, mais alto que tudo. E só então percebi qual era a verdade. De que nada realmente alcança certa plenitude, sem que vc ache que isso não é mais possível. Sem que seus sentidos se entorpeçam e que consiga ver além do que espera, não há mérito.
A minha consciência tem milhares de vozes, / E cada voz traz-me milhares de histórias, / E de cada história sou o vilão condenado. - William Shakespeare
quarta-feira, 28 de julho de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
Concha de caracol
Incontáveis retalhos
Migalhas que a muito já não são mais
Espana se das impurezas comuns
Cega se diante das que realmente importam
A mim já não convence, mas
Apenas mais uma vez conte-me sobre o mundo
E deixe-me para trás, para um talvez ou nunca mais
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para Recomeçar,
Sonhos de sanidade
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Debaixo da luz da lua, pérolas brilhavam envoltas em desolação.
O brilho prateado da lua banha e pacifica um calor obscuro, de dentes e garras afiadas e sedentas por uma nova vítima. Garras como unhas de um carmim intenso. Dentes de um brilho incomum, com a mesma brancura exibida por um cetim já meio usado. Pro seu deleite esse o esfolam, o sugam e ganham. Não sente nada.
Sabe que deveria pedir socorro, sentia-se tragado pela renda negra, mas não pode. É execrado de sua existência, mas não precisa existir, não agora. Sabe que mais tarde se sentiria tolo por tudo, sabia que se culparia, e pior ainda, culparia a terrível sedutora, mas o que há de fazer? Seu salto agulha espetou seu orgulho. Não tem nome. A dignidade, é como um mal drenado de suas veias, assim como a vontade própria.
Então ela levanta e sai, num furor doce meio amargurado. Larga-o sozinho, os restos de seu ser espalhados pelo chão, arrasta-se e procura pelos seus cacos. Não encontra nada. Tenta levantar mais é demais. Não tem como conseguir, tudo o que tinha lhe foi tirado, e ele não resistiu. Entregou tudo de bom grado, sorrindo para os olhos da vilã enquanto essa aplicava o golpe final, sem nenhuma misericórdia. A lembrança da doçura atormenta, mas o faz seguir em frente.
Acordou no meio da noite e se lembrou do tortuoso sonho. Então sentou e chorou. Ela gostaria, mas não era aquela mulher, e ele não era aquele homem. A vingança do sub-consciente a fez se sentir atormentada. Raiva misturava-se com o choro amargo que agora corria pela sua face carregando a última de suas forças. Não precisava mais se esforçar. Era um só um sonho, um sonho sobre a vida dela. E de alguma forma isso a libertou.
Quando conseguiu abrir os olhos novamente, estava vendo a si mesma de loge, de muito longe. Então tudo ficou escuro de novo. Um brilho de paz lampejou diante de seus olhos, por apenas um momento e se foi.
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Partes do ar,
Sonhos de sanidade
domingo, 25 de julho de 2010
Palavras para mim podem ser como uma droga, forte e insana, semente de prazeres.
Em um momento de fissura, embebedo-me nelas e me perco em mil viagens com todas as cores do preto e branco. Em outros momentos são fugas, desses lugares para o rotineiro e constante mundo real, ou então o inverso.
Essas que me fazem tua serviçal, escrava de seus anseios, me salvam a memória e então enterrada em mil loucuras bruxuleantes da insanidade instantânea de querer e se atrever a ver um novo mundo, como um lugar melhor ou não. Um lugar onde escrever basta.
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sábado, 24 de julho de 2010
Lição de ressurgir, reeguer
Recomeçar. Verbo bonito, cheio de sonoridade e esperança, acalenta o coração dqueles que vem de longe, dos que já estão a muito cansados, e de todos os outros. Ciclos sempre se inclinando para uma ritmada canção.
As vezes um belo recomeço, como aquele dos folhetins, parece ser a saída mais digna. A única solução provável. Porém quem quer recomeçar deix de lado sua própria estória, reescreve seu passado. Vestido de personagem pueril se torna oblíquo demais, calculado demais, cansado demais.
O único recomeço possível é aquele que não existe. É aquele onde o começo não é forçado, ele realmente está ali, um começo de vida. Não tem como ser recomeço se anda trás as impressões guardadas no peito. Abandonar a si mesmo e renegar emoções é o mesmo que retirar o próprio coração e deixá-lo na esquina anterior. Impossível, doloroso e desnecessário.
Não há recomeço verdadeiro, do mesmo modo como não se vive sem um coração. Ridículo desvairado. A identidade de como somos, do que queremos ser, é exatamente isso, nossos ímpetos e escolhas feitos no presente ou em outrora. Não há verdade naquilo que é premeditado. Não existe um recomeço real, pois não existe um abandono da essência, pois é exatamente isso o que ela é, o que resta quando tudo se esvai.
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